Um abismo vigiado: segurança e soberania no discurso jornalístico televisual sobre fronteiras na Amazônia
DOI:
https://doi.org/10.37467/gka-revsocial.v5.368Palabras clave:
estudos de fronteira, televisão, comunicação, discurso jornalístico, AmazôniaResumen
A região amazônica, quando pauta da mídia brasileira, reflete uma interessante contradição: permanece encoberta por uma grande região de sombra apesar de ser alvo de uma intensa vigilância por parte dos veículos nacionais. O presente artigo busca refletir sobre a cobertura jornalística das fronteiras internacionais do país, tendo como objeto as matérias exibidas no programa Fantástico, da TV Globo do Brasil, que abordam as fronteiras amazônicas. As noções de discurso e formações discursivas, desenvolvidas por Michel Foucault (1971, 2008b), dão o amparo para a apropriação metodológica do objeto empírico. Outro conceito foucaultiano, o de panóptico (Foucault, 2012), associado à compreensão das linhas epistemológicas abissais, conforme Boaventura de Souza Santos (2007), nos ajudam a circunscrever teoricamente o problema de pesquisa. Como resultados, verificamos que as matérias televisivas analisadas reproduzem o estigma fronteiriço presente nas coberturas de outros veículos, observados em trabalhos anteriores, ao atuarem como sistemas de alarme (Silveira, 2009, 2012), dando ênfase excessiva a aspectos como os riscos à soberania nacional, em detrimento das particularidades culturais e identitárias dos contextos fronteiriços e das peculiaridades do contexto amazônico.
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